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Fortuna Crítica de Françoise Choay: França e Brasil
resumo: Perseguindo o desvendar das ordens escondidas quanto à constituição do campo da história do urbanismo, sem me afastar de todo dos estudos que perscrutam a trama das relações sociais, pretendo me debruçar sobre produções recentes como a de Françoise Choay e como elas foram apropriadas no Brasil. O foco da investigação não vai priorizar a sua trajetória profissional, essa dimensão fica num plano complementar, mas sim a fortuna crítica existente na França, a recepção de algumas de suas obras no Brasil e a posição dessa autora no campo discursivo da história do urbanismo e como ela formou um certo número de conceitos ou de contextos teóricos.
Pode-se dizer, que são poucos os estudos componentes da fortuna crítica de Choay, muitos dos quais ao tratar das obras dessa filósofa o faz no bojo de uma reflexão mais abrangente. Como também afirmar que a decodificação das práticas historiográficas precisa ser submetida a outros olhares.
Não há dúvidas que proceder a investigação documental e escrever as narrativas das pesquisas elaboradas com as bolsas de produtividade concedidas pelo CNPq nos períodos anteriores, possibilitaram a consolidação de um caminho para entender a constituição do campo do urbanismo, segundo a perspectiva da história cultural - significados, práticas, representações, símbolos, linguagem. Esse caminho e essa perspectiva é uma permanência no modo como venho realizando a investigações e que está na presente proposta.
Françoise Choay escreveu várias obras, cita-se aqui as mais conhecidas no Brasil, anotadas em suas primeiras edições na França: L'Urbanisme,utopies et réalités: une anthologie (1965), La régle et le modéle sur la théorie de l'architecture et de l'urbanisme (1980), Dictionnaire de l'urbanisme et de l'aménagement - em parceria com Pierre Merlin (1988), L'Allégorie du patrimoine (1992), Pour une anthropologie de l'espace (2006) e Le patrimoine en questions (2009). Entretanto, algumas serão priorizadas. Esta escolha deverá ser confirmada no transcurso da pesquisa.
As obras serão objeto de leitura, de investigação das questões, problemas e soluções possibilitando assim entender a posição dessa autora no campo discursivo da história do urbanismo, como ela formou um certo número de conceitos ou de contextos teóricos, como organizou a estrutura, o jogo das relações internas ao texto, significados, práticas, representações, símbolos, linguagem.
Desse modo objetiva-se: i) Proceder ao estudo de análise discursiva de obras de Françoise Choay: questões, problemas, soluções, estrutura, jogo das relações internas ao texto, significados, práticas, representações, símbolos, linguagem; ii) Entender a fortuna crítica construída sobre Françoise Choay a partir da problematização dos contextos intelectuais e urbanísticos presentes na França e no Brasil; iii) Perscrutar a recepção das obras de Françoise Choay no Brasil, verificando em que medida essa recepção contribuiu para a formação da sua fortuna crítica seja no campo do urbanismo seja no da salvaguarda do patrimônio histórico; iv) Entender que ideias de Françoise Choay contribuíram para a constituição dos campos do urbanismo e da salvaguarda do patrimônio histórico no Brasil.
A fundamentação teórico metodológica está referenciada em Foucault, Burke, Ginzburg e Chartier, privilegiando como foco epistemológico as diferenças, os debates, os conflitos, a busca de significados, práticas, representações, símbolos, linguagem. Desse modo adota os fundamentos da história cultural e instaura como objeto de estudo a análise discursiva de textos, a fortuna crítica e a recepção das obras de um autor, conceitos, concepções, debates e conflitos. Esse objeto é contribuinte para o entendimento das circulação de ideias e práticas urbanísticas. Enfim, problematiza ideias como estruturas discursivas que compõem um cenário e tramas intelectuais, suprindo lacunas na constituição do campo do urbanismo e da salvaguarda do patrimônio cultural.
O presente plano de atividades frente à temática e à perspectiva teórico-metodológica adotada está centrado em onze linhas de trabalho: i) levantamento, leitura, apropriação e interpretação das obras de Choay ii) pesquisa historiográfica sobre a produção de Françoise Choay, em arquivos, acervos e web sites, iii) levantamento de outras fontes primárias como: bibliografias indicadas nas ementas de cursos e disciplinas das faculdades de arquitetura, em teses, dissertações e artigos publicados em revistas voltados ao campo do urbanismo, iv) leitura, apropriação e interpretação dos escritos de seus comentadores e críticos, v) elaboração de uma visão geral e seleção das obras de Choay, vi) leitura de obras de autores que tratam sobre a teoria da história e os fundamentos do urbanismo e da salvaguarda do patrimônio, vii) realização de entrevistas, viii) correlação entre a interpretação das obras de Choay e de seus comentadores e críticos com a dos autores que tratam sobre a teoria da história e os fundamentos do urbanismo e da salvaguarda do patrimônio, ix) identificação de chaves interpretativas e redação de artigos/relatórios, x) realização de pesquisas em arquivos e acervos nas universidades e bibliotecas dos estados de Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Salvador, como ainda na cidade de Paris/França, xi) participação em reuniões de pesquisa e em seminários acadêmicos.